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PodCast II – Rembrandt é, sem dúvida, um dos grandes mestres das artes plásticas de todos os tempos! Ouça, comente e indique!
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Ficha técnica do Podcast II – REMBRANDT VAN RIJN
Criação | Produção: Lino Bertrand
Textos: Lino Bertrand
Trilha sonora
- Sinfonia di Natale – Rondo Veneziano
- Remember Us – 300 Soundtrack – MUSIC FROM THE MOTION PICTURE 300
- Last of The Mohican – Western Themes – Ennio Morricone
Bibliografia
- Rembrandt – Coleção Gênios da Arte – Ed. Girassol.
- Série: “O Poder da Arte – Rembrandt” – BBC.
Produtos selecionados pelo autor para esse episódio
TRANSCRIÇÃO:
REMBRANDT VAN RIJN
ABERTURA EM SILÊNCIO:
Holanda, 15 de julho de 1606. Nasce em Leiden aquele que registraria sua assinatura no livro da história e do tempo com o nome REMBRANDT.
MÚSICA
APRESENTAÇÃO:
Atenção senhores passageiros, em homenagem ao Escriba Café, este é o PodCast número dois do D.A.R. Atelier.
INTRODUÇÃO:
Rembrandt Van Rijn e sua família viviam perto de um moinho. Seu sobrenome deriva desse moinho que ficava próximo a um rio, o rio Reno, que em holandês significa Rijn. Após a morte de seus pais, a herança deixada por eles o colocou numa situação bastante confortável.
A origem de Rembrandt não influenciou sua trajetória de pintor. Nessa época a chamada República das Províncias Unidas do Norte diferenciou-se, culturalmente, da maior parte da Europa.
1609 foi assinada a trégua dos 12 anos, entre holandeses e espanhóis.
Resultado: Independência da nação holandesa em 1648. A Holanda surgia então como potência mundial.
É nesse contexto que nasce e vive Rembrandt. Freqüenta a escola de latim de Leiden e em 1620 estuda na universidade de Leiden.
Porém ele não permaneceu ali por muito tempo, pois seus pais logo reconheceram que a vocação artística de Rembrandt era muito forte e logo o destinaram para o atelier de um artista.
Rembrandt era intermediário entre Frans Halls e Johannes Vermeer. Os artistas de seu tempo desejavam ir à Itália das sensibilidades clássicas, o que não era objetivo de Rembrandt. Por toda sua vida usou a pintura a óleo, com texturas que ninguém mais usou em sua época.
Começou a trabalhar com quadros religiosos… Foi o pintor que mais fez auto-retratos no século 17 e talvez em todos os tempos. Não se sabe exatamente por que fez tantos auto-retratos ao longo de toda sua carreira.
Em Leiden Rembrandt deu especial atenção à gravura e antes mesmo de ir à Amsterdã, transformou-se no melhor água-fortista de sua época.
“O Estudioso Meditando” ou “O Sábio Em Seu Estúdio” de 1631, é uma obra de mistério que pode indicar uma passagem bíblica onde um ancião identificado como santo parece personificar a sabedoria. A obra deu a Rembrandt prestígio como pintor de figuras mesmo quando ele ainda estava em Leiden.
Por volta de 20 anos de idade, o pintor já começa adquirir sua própria personalidade como artista. Retratista, pintor de figuras, cenas bíblicas, mitológicas e grande professor.
Rembrandt em sua maturidade foi além dos conceitos de sua época. Foi um contador de histórias, fabuloso.
Em vida ou na morte a obra de Rembrandt nunca foi esquecida. Exerceu excepcional influência sobre os artistas de sua época e sempre teve discípulos estudando e trabalhando com ele.
Porém ao artista nada mais é tão brutal como ter que ferir sua própria obra.
O maior pintor holandês o fez. Mas qual foi o motivo? O que o levou a tão desesperado ato?
Simples. A modernidade já não mais via seus trabalhos com bons olhos, pois ele sai da era de representação de classe e beleza e passa a traduzir em sua pintura a verdade da condição humana. Isso o coloca como gênio da arte, mas também é a razão pela qual passa a sucumbir nos abismos das necessidades da própria condição humana.
Amsterdã, 1630. Rembrandt é idolatrado pelos poderosos. Ele sabe o que eles querem!
A Holanda passa a ser potência econômica da época e Rembrandt entende o que os poderosos almejam, pois junto com as grandes fortunas feitas rapidamente e toda espécie de riquezas exibidas, desejavam exibir-se. E qual seria a melhor forma para se fazer isso e manter sua face pela história senão através de retratos, de si mesmos.
Rembrandt fazia retratos suntuosos, mas mantendo a simplicidade. Homem de negócios, mas herói!
É o que ele fazia. Com seu primoroso conhecimento técnico e sensível, construía a magnífica e desejosa caracterização: Da condição de reles humano, a suntuoso, heróico e imortal.
Criava maravilhosas histórias e retratos sob encomenda. Mas ele não era somente um pintor, era um empreendedor: contratava alunos e fazia cópias e pinturas originais, encomendadas.
Com tudo isto rondando seu mundo, Rembrandt se torna um consumista. Mas um consumista requintado: compra grandes obras dos velhos mestres, peças maravilhosas e valiosíssimas… Simplesmente não consegue parar de comprar e justifica que é “tudo pela arte”. Comprou também uma caríssima casa de 4 andares num dos bairros mais caros de Amsterdã, afinal tinha suas obras nas casas dos mais ricos comerciantes do mundo.
Rembrandt vendia suas obras de forma esplêndida para a primeira geração destes ricos comerciantes da Holanda, pois o que eles queriam era a contraditoriedade da exposição de suas figuras como ricas e poderosas e ao mesmo tempo simples e Rembrandt fazia isto com propriedade. Seu sucesso era estrondoso!
Porém começou a pintar cada vez mais livremente, e isto começa a desagradar a segunda geração daqueles que o fizeram rico. Inicia-se então seu declínio, sua decadência nos negócios… Mas não em sua arte!
Sua fortuna começa a esvair-se, com a falta de encomendas, sua casa cheia de dívidas e sua esposa, Saskia, mortalmente abalada pela tuberculose. No entanto a morte sempre o rondava. Três de seus filhos já haviam morrido. Em 15 de junho de 1642 foi registrada a doença de Saskia que morreu após nove dias.
Começa então uma mudança em sua vida e em sua arte. É como se ele começasse a diminuir a rotação do mundo. Os grandes gestos diminuíram e foram substituídos por uma simplicidade delicada. Ao invés de uma galeria de retratos de poderosos, empregadas, simplicidade.
A segunda geração de poderosos voltava-se à era do refinamento, ao classicismo harmonioso de outrora.
Rembrandt segue uma linha tênue e tende ao lado que menos agrada a esta nova geração. Não se importa mais em terminar um quadro com a maestria classicista, tudo agora é livre, falando e dizendo verdadeiramente da alma humana na mais profunda simplicidade.
Totalmente sem recursos, atrasado com as contas da casa, Rembrandt estava à beira da ruína.
E julho de 1656, ele chega à falência. Passa a ter que desfazer de tudo o que possuía, leilão a leilão, não tinha mais nada. Tudo foi perdido, a casa, suas coleções e até seus arquivos pessoais, tudo, tudo, tudo! Não lhe restava mais nada além de seu mal interpretado, porém profundo e fabuloso talento!
Mas se você pensa que ele se deixou abater, está muito enganado. Pintou-se num auto-retrato de forma mais do que nobre, de forma imortal, um verdadeiro gênio! Continua a pintar com sua nova forma de ver o mundo, de maneira livre, eloqüente e despojada.
Por mais incrível que possa parecer foi ainda contratado para um pomposo trabalho. Após a morte súbita do pintor que houvera sido incumbido desta tarefa, o governo atribuiu a alguns pintores a responsabilidade de concluir este projeto e Rembrandt foi um deles. Foi encarregado de pintar uma obra para uma das galerias da nova e fabulosa câmara da suntuosa cidade.
Começou a trabalhar na pintura. Uma encomenda para ser pendurada num dos átrios principais. Uma comovente história de como a nação holandesa nasceu. Deveria ser feita com toda a pompa e glória, uma batalha de um holandês que lutava com os romanos contra seu próprio povo e após algum tempo muda de lado ao ver seu povo dilacerado, declara uma revolta e se une aos chefes tribais.
Ora, guerras acontecem!
O governo encomendou a pintura desta história, onde esperavam receber um quadro respeitável…
O que lhes foi ofertado:
Densidade, dilaceração, selvageria! Um grupo de homens cruéis, rebeldes…
Rembrandt retratou a visão crua dessa história, a mais realista, porém a que gerou abalo e desprezo por parte dos que encomendaram o quadro. Foi expulso e retalhou seu quadro, esperando que alguém o comprasse. Esta que foi sua grande obra do fim da vida ficou a um quinto do tamanho original.
A toca selvagem de um monarca!
Rembrandt pintou uma obra prima secular, sem a prisão das regras, apenas a força de se fazer o que deseja.
Fizera seu último e ardente retrato, cunhado pelas chamas da simplicidade, como que dizendo:
Tire tudo o que foi construído pelas moedas da riqueza, o que sobrará?
Se for sua liberdade, isto o torna HOLANDÊS!